quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Enterrados Vivos.

"Estamos bien en el refugio, los 33". Essa foi a frase que marcou a última semana de Julho em todo o planeta, que já estava mobilizado com o sumiço dos mineiros que haviam sido soterrados no norte do Chile, após o desabamento de uma mina de Cobre.

Para mim, por ter vivido no Chile, por ter ido ao Atacama, e por ter estado lá aonde aconteceu o desastre, essa notícia foi de extremo impacto. O mesmo aconteceu com o atentado no World Trade Center. A ideia é de que quando temos - ou tivemos - algum contato com o local, com as pessoas de determinado lugar, ficamos ainda mais sensibilizados diante de catástrofes desse tipo.

A notícia do Chile me abala muito pelo local, pelo histórico do país (não podemos esquecer que esse ano já houve um terrível terremoto) e, principalmente, pelo que estão passando todos esses homens, enterrados vivos. Me é agoniante imaginar o inferno que estão vivendo, ou melhor, sobrevivendo. Calor insuportável, luz somente das lanternas, o espaço é muito pequeno e a apreensão é enorme. Penso em como eles pensam. Se acham que sobreviverão aos 4 meses que é o tempo estimado do resgate, o que fazem para se distrair, se é que o conseguem de fato, e se talvez não pensem que, nessas circunstâncias, não haveria sido melhor terem logo morrido, os 33. Péssimo esse meu pensamento, eu sei. Mas não pessimista. Até porque agora que foram "achados", eu quero, torço, rezo para que sobrevivam, os 33. Pois pelo drama da condição em que se encontram, já são merecedores de todo o nosso reconhecimento.

Mas não dá para ignorar que o contexto todo é de crueldade máxima. E essa situação vai deixar marcas físicas e emocionais em todos os envolvidos. Li no jornal que um dos mineiros soterrados morava e trabalhava no sul e que, depois do terremoto, sem casa e sem emprego, conseguiu essa nova opotunidade ao norte, e partiu para lá com a família. Mercy. Li ainda, na mesma reportagem, que o Chile solicitou ajuda da NASA, pois eles têm vasta experiência no assunto, já que astronautas passam meses no espaço. Achei a ideia interessante, e gostei de saber que a NASA já estava prontamente a caminho do país.

Haja trabalho psicológico para esses homens manterem a fé, que é a força motriz de cada um e de todos eles, e a coletividade para seguir em frente. A nós, espectadores de mais um episódio dramático, fica a lição de coragem, solidariedade e esperança que essa história nos tráz, por mais que esteja recém no começo, e já nos faz clamar por um final feliz.

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