O Verdadeiro Inimigo.

Essa semana fui ver o filme brasileiro que já mobilizou mais de 1 milhão de pessoas no país. Tropa de Elite II - O inimigo agora é outro, assim como o primeiro, foi muito bem produzido, dirigido e escrito.

Há de se ter em mente, é claro, que se trata de uma obra de ficção, mas no decorrer do filme nos questionamos até que ponto a arte imita a vida. Fora uma ou outra cena mais hollywoodiana, a trama traz a tona tanta ou mais polêmica que o Tropa de Elite I. Não vou contar o filme, mas posso adiantar que quando as luzes se acendem, é quase palpável a dúvida que perambula pelas faces inquietas da plateia: "será que é assim na vida real?". Acho que muita coisa é, talvez em outros contextos ou proporções, mas inclusive concordo que o nosso verdadeiro, e pior inimigo, é o próprio sistema que nós mesmos criamos.

Não sei se seguraram a estreia do filme para depois do primeiro turno das eleições. Pode ser. Bem provável. Mas é uma pena, até porque a mensagem dele é clara. Aqueles que fazem do sistema o que ele é, não estão lá por acaso, estão lá democraticamente. Nós elegemos Sarneys, Collors, Lulas e Dirceus, logo também é de responsabilidade coletiva tudo o que acontece à nossa volta.

Para finalizar, uma ode ao grande ator Wagner Moura, que novamente se esmerou na interpretação do seu personagem, o Capitão Nascimento, já uma lenda do cinema nacional. Inteligente, corajoso, intenso, íntegro e apaixonante! Ô lá em casa...

Cow Parade.

Muitas pessoas, assim como eu, estavam ansiosas pelo início da Cow Parade em Porto Alegre. Para os desinformados, se trata da exposição de vacas feitas de fibra de vidro e em tamanho natural, que os artistas da cidade podem pintar, desenhar, enfim, fazer arte nas vaquinhas e depois colocá-las em pontos estratégicos da capital.

Que ideia legal!! Minha ansiedade não era só por se tratar, também, de um projeto em que o meu primo, o designer Pirecco, está participando (no detalhe: a fota é da vaca dele!). Mas, principalmente, por saber que um evento como esse deixa a nossa cidade mais viva, colorida e feliz.

Depois de ter passado por diversas cidades ao redor do mundo, a Cow Parade então, chegou até aqui. Estive na festa de estreia do evento. Vi as obras, cumprimentei os artistas e o clima era de pura empolgação para soltar a bicharada na rua de uma vez. Mas logo no amanhecer uma má - muuuuuito má - notícia. Roubaram uma vaca. A revolta foi geral. Onde já se viu povo tão ignorante, mal educado, sem cultura e sem carater? Não estou generalizando, é claro. Mas fiquei estupefata, pois nós gaúchos, temos a ilusão de vivermos na "Europa" do Brasil. Nós achamos que somos os mais politizados, cultos e intelectuais do país. "Por que não dividir o Sul do resto do Brasil?" - outrora muitos já se perguntavam. Quanta pretensão!! Nos 50 lugares que a exposição já foi vista - incluindo Rio e São Paulo - nunca havia ocorrido nada do gênero.

Os ladrões devolveram a Cowo(p)tica. Depois, contaram uma história para vaca dormir, mas como sou sempre a favor do benefício da dúvida, prefiro aceitar a péssima história deles, do que acreditar em tamanha maldade e estupidez humana.. Mas não adianta, pois depois disso outras já sumiram, e em outra já atearam fogo e tentaram pichar uma outra, e ..... a expectativa agora mudou. Se antes era de alegria, de como seria a reação das pessoas ao chegarem na farmácia e se dar de cara com uma vaca. Agora é torcer para que chegue no fim da exposição, e as vacas - que restaram - estejam intactas. Absurdo. E absurdo ainda maior, é que essas obras de arte depois serão leiloadas por uma causa beneficiente. Se o povo não tem cultura, ok; respeito pelos artistas, tampouco; se não tem educação, não é novidade, ... agora, que tenham pelo menos, solidariedade.