sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Caso do Goleiro Bruno e a Mídia

Agora há pouco, entrei em um site de notícias que se diz sério, e fiquei irreversivelmente revoltada, ao ponto de fechá-lo e considerar nunca mais acessar essa página da internet. Sei que entrei porque quis, mas se imaginasse o que constava ali, não teria acessado. Nem sequer terminei de ler a matéria.

Esse, como tantos outros meios de comunicação, faz parte da terrível imprensa sensacionalista que, em episódios lamentáveis como o ocorrido - em que qualquer pessoa racional se envergonha de sua espécie diante de tamanha brutalidade - tomam a posição de "informantes da sociedade" para divulgar até mesmo os detalhes mais sórdidos do caso.

Obviamente não conheço a Eliza Samudio, nem o goleiro e nenhum dos outros participantes da trama, mas ao ler o conteúdo do site, quase passei mal. Detalhes do que a moça falou, do que responderam à ela, do que foi feito, de como foi planejado, do que resultou,... Mercy me! Se eu, uma completa desconhecida da vítima, fiquei chocada com o que li, imagina a família dela? Como se não bastasse a dor de perder uma pessoa próxima de uma forma tão barbárie, ainda dissecam os diálogos dos envolvidos em todos os meios de comunicação. Trazem à tona os novos detalhes, minuto-a-minuto, 24 horas por dia. Já constatamos isso várias vezes no passado. No caso da menina Isabela Nardoni, para citar um passado recente, ninguém foi poupado da imprensa sensacionalista. Era só ligar a TV ou passar por uma banca e lá estava todo o material, não duvido, mais completo que o da própria polícia. Com direito à teorias, fotos, últimas novidades. Familiares e amigos? Danem-se. A única preocupação é o Ibope, é a venda, é o lucro.

Entendo o povo se interessar pelo rumo da investigação. Penso até que é um direito da sociedade - e o papel da imprensa - divulgar algumas informações. Mas isso, ao meu ver, não justifica a falta de respeito com que vinculam as notícias: sem escrúpulos, sem respeito pelos vivos e menos ainda pelos mortos. Levantam a vida da pessoa, tudo que fez e o que deixou de fazer. Julgam, sentenciam, e se esquecem que o próprio telhado é de vidro. Como acontece agora com a RBS, tendo um da sua prole, acusado de estupro, e é claro que os concorrentes da emissora estão se esbaldando com a notícia.

Espero que o caso do tal Bruno se resolva o quanto antes, até porque temos outros fatos muito mais preocupantes de interesse público. E pensando por outro ângulo, reportagens como essa além de não contribuirem com a sociedade, dão ideias para outras pessoas de cabeça fraca. E daqui a pouco, gente virar comida de bicho, pode se tornar moda.

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